Vacinação e Lockdown: contradições e divergências nas principais estratégias de combate à Pandemia pelo mundo.
As disparidades e contradições têm aparecido nas duas principais estratégias de combate à pandemia: na vacinação e nos confinamentos. A primeira procura proteger rapidamente os mais vulneráveis, para reduzir hospitalizações e mortes. A segunda restringe a circulação -principalmente dos mais novos- para barrar a transmissão e tentar desacelerar o surgimento de variantes, enquanto ganha tempo para imunizar maior parcela da população.
Na vertente anticontágio, "vendo a crista da terceira onda se levantar" à sua frente (como disse na semana passada Ursula von der Leyen, chefe do Executivo da União Europeia), a cada novo aperto ou prorrogação das restrições surgem protestos em que manifestantes -gritando aglomerados- aumentam o risco de transmissão.
Na última semana, o número de novos casos de Covid-19 na Europa aumentou 11%, pouco menos que os 13% na média dos 27 membros da UE. Foi a quarta semana seguida de contágio crescente no continente, uma sequência puxada principalmente pela variante B.117, identificada primeiro no Reino Unido.
Nesta segunda (22), a premiê alemã, Angela Merkel, discutiria com os governadores dos 16 estados a flexibilização das restrições implantadas em 16 de dezembro. Em vez disso, eles suspenderam novas reaberturas, como as de bares, restaurantes e espaços culturais.
O trabalho em casa, que voltaria no fim de março, foi prorrogado até 18 de abril. Regiões de contágio acelerado podem até ter que recuar e fechar lojas e escolas.
Já na França, que vê seus hospitais chegarem ao nível de saturação, o governo anunciou no mesmo pronunciamento relaxamentos -o início do toque de recolher foi adiado das 18h para as 19h- e endurecimentos: um "lockdown adulto" em Paris e outros 15 departamentos franceses.
Os moradores dessas regiões podem sair de casa pelo tempo que quiserem, quantas vezes quiserem, mas não deve se afastar a mais de 10 km de casa. Escolas, cabeleireiros, livrarias e lojas de música continuarão abertos.
"As regras são claras e se baseiam no bom senso, e não na infantilização", afirmou o primeiro-ministro francês, Jean Castex, ao anunciar suas restrições não restritivas –"medidas para parar o vírus sem nos aprisionar".
Se na França o mesmo governo nacional abre e fecha, na Espanha a contradição se dá entre regiões autônomas.
No flanco da vacinação, a Europa continua a avançar devagar, por obstáculos variados como falta de organização, de estrutura, de pessoal e de imunizantes.
Dos quatro maiores países da UE, a Itália foi a única que já usou até agora todas as doses que recebeu, segundo o ECDC (centro de controle de doenças europeu). Alemanha, França e Espanha ainda têm um quarto de suas ampolas nas geladeiras.
Os governos dos quatro países limitaram o uso das vacinas produzidas pela AstraZeneca, apesar da aprovação pela agência regulatória da UE e da recomendação de que fosse aplicada em todos os adultos.
Frustrada pela lentidão em suas campanhas de imunização, enquanto o Reino Unido, que começou um mês antes, já deu a primeira dose à metade da população adulta, a União Europeia apontou o dedo para o vizinho na semana passada.
Queixou-se de não estar tendo reciprocidade na venda de vacinas e ameaçou bloquear exportações para seu ex-parceiro.
Boris Johnson sentiu o golpe. Nesta segunda, foi ele quem fez discursos prevendo uma terceira onda e devolvendo o figurino de bode expiatório para a UE.
"A experiência anterior nos ensinou que, quando uma onda atinge nossos amigos, ela atinge nossas praias também", afirmou aos jornalistas em Lancashire, no noroeste da Inglaterra.
FONTE: www.noticiasaominuto.com.br.
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