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- André Biernath - @andre_biernath
- Da BBC News Brasil em São Paulo
Essa nova versão do coronavírus parece estar se espalhando rapidamente pelo país africano: em menos de duas semanas, há indicativos de que ela caminha para se tornar dominante, após uma onda bem forte causada pela variante Delta por lá.
Nas últimas horas, outros quatro países além da África do Sul detectaram casos de covid-19 causados por essa nova variante: Botsuana, Israel, Hong Kong e Bélgica.
Por ora, os principais grupos que realizam a vigilância do coronavírus no Brasil não detectaram episódios da doença relacionados a essa nova versão do patógeno por aqui. Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que tampouco identificou casos no Brasil e que está em constante vigilância quanto a isso.
Na noite de sexta-feira (26), o ministro da Casa Civil anunciou o fechamento de voos vindos de seis países do sul da África a partir desta segunda (29).
Após alertarem instituições como a Organização Mundial da Saúde (OMS), os especialistas trabalham agora para entender de fato o quanto a nova variante é mais transmissível, mais agressiva ou se pode superar parcialmente o efeito protetor das vacinas disponíveis. No momento, ainda não há detalhes maiores ou confirmações sobre nenhuma destas informações.
Na sexta (26/11), inclusive, a OMS classificou a ômicron como uma variante de preocupação. Essa é a quinta linhagem a integrar a lista — as outras são a alfa, a beta, a gama e a delta.
"Graças à competência do pessoal da África do Sul, que tem um grupo de vigilância genômica de primeira linha, a gente já sabe o suficiente para entender que essa é uma variante que preocupa, em razão do conjunto de mutações e o que já conhecemos sobre elas", analisa o virologista Fernando Spilki, professor da Universidade Feevale, no Rio Grande do Sul.
Além de fechar as fronteiras, existe algo que pode ser feito para diminuir o risco de entrada da ômicron em nosso país, ou ao menos controlar a sua disseminação?
Spilki, que também coordena a Rede Corona-Ômica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), avalia que o primeiro passo para diminuir o risco da ômicron no Brasil é aprimorar o controle das fronteiras.
"O que precisamos fazer é o que não fizemos até agora: ter um rastreamento adequado dos indivíduos que entram no país. Idealmente, se deveria fazer testes em todos os passageiros com ou sem sintomas [de covid], especialmente nos aeroportos", avalia o especialista.
"Nós sabemos que o tráfego aéreo é o caminho pelo qual essas variantes chegam e, depois, acabam se espalhando pelo território", explica.
Na visão dos especialistas, o que deveria acontecer na prática é a realização de testes RT-PCR em todos os passageiros que chegassem ao país. Eles deveriam ficar em quarentena no próprio aeroporto até o resultado estar disponível (o que costuma demorar um ou dois dias).
Se o laudo der negativo, o que significa que o indivíduo não está infectado, ele ficaria livre para ingressar efetivamente no Brasil. Caso o resultado seja positivo, é preciso manter o paciente em isolamento, com acompanhamento médico se necessário.
Isso evitaria a entrada livre de pessoas com a ômicron, que podem espalhar essa nova versão do vírus para contatos próximos e criar cadeias de transmissão internas.
Tanto Spilki quanto Gräf consideram ser muito difícil barrar 100% a entrada de novas variantes no Brasil, mas as medidas de controle e testagem ajudam ao menos a identificar a maioria dos casos "importados" antes que eles se espalhem entre a população.
FONTE: bbc.com
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